Times Square, 14 de julho de 2009, pensamentos de um homem arrependido.
” Eu a vi hoje quando estava me direcionando para casa após mais um cansativo e entediante dia de trabalho. Ela estava simplesmente linda. Desejava
bom dia à todos que cruzavam seu caminho, como era de costume, com um
sorriso radiante no rosto e seus olhos brilhavam tanto que fizeram doer
minhas vistas e sem exageros eram capazes de ofuscar o brilho de todas
as constelações juntas em uma noite de verão. Ela me viu, e me
cumprimentou como se eu fosse apenas mais uma daquelas pessoas que
passavam por ela com rostos jamais vistos e nomes desconhecidos. ”Bom dia rapaz”, foi
tudo o que ela proferiu. Porém eu notei que após dizer isso abaixou a
cabeça e fechou os olhos por um milésimo de segundo, respirou forte,
puxou e soltou o ar, como se estivesse aliviada. O cheiro dela ficou
pairando no ar e entrou em minhas narinas me fazendo espirrar, como
antes. Porém, eu por um momento desejei sentir aquele cheiro para
sempre. Notei que ela usava o mesmo perfume de antes, uma mistura do
aroma de violetas com girassóis, coisa louca, coisa dela. Era um cheiro doce assim como ela era. Recordei-me
que eu costumava me queixar muito daquele seu cheiro. Como fui tolo em
deixar que ela escapasse. Eu deveria tê-la chamado para jantar comigo
todos os sábados a noite, para beber um café quente aos domingos de
manhã e principalmente deveria tê-la levado para conhecer minha família
como ela tanto insistiu. Insistiu também em mim. Ela quem me
ensinara que não se deve nunca, jamais e em hipótese alguma deixar a
toalha molhada após o banho em cima da cama, e me livrou do hábito de
comer comidas instantâneas em frente a tv, fazendo-me jantar quase
sempre sua saborosa macarronada com queijo. Hoje, mais do que nunca, me sinto arrependido. Eu
a vi hoje. E ela estava magnífica, perfeita, encantadora, deslumbrante.
Me parecia eufórica. E eu soube por terceiros que se tornou chefe na
empresa onde trabalha até hoje. Estou arrependido. Ela
me ligou tantas vezes aos prantos pedindo para que eu não fosse embora e
eu simplesmente a ignorei, virando as costas e indo embora
covardemente, pois me julgava imaturo para um relacionamento e ansiava
demais por uma liberdade tão abstrata, tão ilusória. Eu que sempre pedi para ser livre, queria hoje estar totalmente preso e envolvido pelos braços dela. A
vi hoje. Toda feliz e saltitante. E eu estou aqui, sozinho, degustando
de um café quente, pra ver se assim aqueço essa minha vida fria, parada,
monótona e triste. Pois é assim que tudo se encontra desde que não a
tenho mais.”
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